Guia de Quadrinhos de Jornada nas Estrelas

Jornada nas Estrelas começou a ser exibido em 1966 na televisão americana, mas você sabia que, desde 1967, a série foi adaptada de diversas formas para os quadrinhos? Essas revistas também passaram por várias casas editoriais como Gold Key, DC Comics, Marvel, Malibu, Wildstorm e IDW,complementando a mitologia desse incrível universo sci-fi criado por Gene Roddenberry.


Gold Key Comics – Um Inicio Diferente (1967-1978)


Os primeiros quadrinhos de Star Trek foram publicados pela Gold Key e eram muito diferentes da série de televisão. A maior parte das histórias eram infantis e em sua grande maioria mostravam pontos diferentes dos levantados na série. Mesmo assim, houveram algumas poucas adaptações e sequências de episódios originais, como: “A Cidade à Beira da Eternidade”, “Eu, Mudd” e “Metamorfose”.

Logo na primeira edição publicada pela Gold Key, a tripulação encontra um planeta onde plantas carnívoras haviam escravizado animais inteligentes para se alimentar deles e o Capitão Kirk resolve, simplesmente, destruir todo o planeta. Sim, ele não só quebra a Primeira Diretriz, como comete genocídio. As histórias são bastante bobas e nem roteiristas como George Kashdan, Len Wein e Arnold Drake conseguiram adicionar muito na época.

Os roteiros não são a única coisa que difere do apresentado no seriado. O quadrinho foi originalmente desenhado pelo artista italiano Alberto Giolliti, que nunca havia visto a série!





Por esse motivo, todos os personagens eram desenhados com base em imagens promocionais. Um fato curioso é que Giolliti não recebeu material promocional de James Doohan nas primeiras edições, então seu Sr. Scotty não tinha semelhança alguma com o ator

   



Um dos pontos mais fortes da fase Gold Key são as capas, que em sua maioria, apresentavam material gráfico composto com imagens da série.


Hoje, como podem imaginar, são objetos altamente valorizados pelos colecionadores.

Esta fase foi publicada no Brasil primeiramente pela Ebal e, posteriormente, de forma parcial pela Abril.


Uma curiosidade: na quinta edição de Jornada nas Estrelas (Abril), de 1976, consta uma adaptação do episódio da série clássica “A Hora Rubra” (“The Return of the Archons”) que foi produzida por artistas brasileiros dos estúdios da Abril, dirigidos à época por Ruy Perotti.



Marvel Comics – A Primeira Viagem à Casa das Ideias (1979-1981)


A primeira fase de publicações de Star Trek pela Marvel Comics foi bastante complicada, devido a vários vetos impostos pelo contrato com a Paramount. Por exemplo, os quadrinhos só podiam usar personagens e conceitos que tivessem sido apresentados no filme de 1979 (“Jornadas Nas Estrelas – O Filme”).

      


A publicação durou dezoito edições e teve colaborações de artistas e roteiristas como: Martin Pasko, Luke McDonnell, Gil Kane e J.M. DeMatteis.


A melhor parte dessa primeira fase da Marvel foi, sem dúvidas, a adaptação direta do primeiro filme, escrita por Marv Wolfman e com arte de Dave Cockrum e Klaus Janson (e que saiu no Brasil em formato grande, pela Abril).


Em suas dezoito edições, devido às restrições contratuais, a tripulação lutou contra o Drácula, piratas, robôs gigantes e continuou no caminho de histórias genéricas iniciado pela Gold Key.




DC Comics – Dois Pesos, Duas Medidas (1984-1996)


A DC adquiriu os direitos logo depois do lançamento do segundo filme, “Jornada nas Estrelas II – A Ira de Khan” e suas oito primeiras edições se passam logo após o mesmo. Em seguida foram apresentados aos leitores os conceitos posteriores ao filme “Jornada nas Estrelas III – A Procura de Spock”.

      

Pela primeira vez, uma editora teve liberdade para trabalhar com o material e as primeiras histórias, com roteiros de Mike Barr e arte de Tom Sutton e Ricardo Villagran, e finalmente pareciam ser o que Star Trek sempre mereceu nos quadrinhos.

Depois do lançamento do terceiro longa da série, o trio original Kirk, Spock e McCoy pôde ser reunido na “Saga do Universo Espelho”, onde as coisas começaram a ficar realmente empolgantes, com explosões de Entreprises e viagens através de dimensões paralelas.

Logo após esse período, Capitão Kirk recebeu o comando da Excelsior por um tempo, enquanto Spock ganhou sua própria nave para comandar, a USS Surak.

Nessa época tivemos grandes histórias, como: “Star Trek Annual #3”, escrita por Peter David e com arte de Curt Swan, que explora a vida amorosa do Sr. Scotty; “Star Trek #28 – The Last World” escrita pela novelista Diane Duane, que trata da reação da tripulação a uma morte dentro da Enterpirse, coisa pouco abordada na série original; e “Star Trek #24-25 – Double Blind”, uma história muito divertida envolvendo gatos antropomórficos.

Após um hiato, a publicação voltou com uma adaptação do Quinto filme da franquia, “Jornada nas Estrelas V – A Fronteira Final”. A série de quadrinhos foi então rebootada, ainda com David nos roteiros e arte de James Fry, que desenhava todos os personagens com expressões eternas de surpresa, atrapalhando um pouco as cenas de humor e drama.

Outros escritores como o novelista Howard Weinstein fizeram um bom trabalho nas edições subsequentes, mas a série simplesmente perdeu seu apelo.

Uma graphic novel, Jornada nas Estrelas: Dívida de Honra, também foi publicada na mesmo época, com roteiros de Chris Claremont e arte de Adam Hughes. O roteiro de Claremont é extremamente verborrágico e com muito mais informações técnicas e nomenclaturas do que seria necessário. A arte de Hughes é linda para essa peça, apesar de ficar escondida atrás de diversos balões e recordatórios. Esta história foi publicada no Brasil pela Brainstoreem um álbum considerado, à época, de luxo.

Em 1988 a DC publicou também uma série baseada em “Jornada nas Estrelas: A Nova Geração”, com suas seis primeiras edições se passando durante a primeira temporada. Em 1989 uma nova mensal foi lançada, acompanhando os eventos da Segunda Temporada e que terminou no filme “Jornada nas Estrelas – Generations”, de 1996.




  


No Brasil, fora o material publicado pela Brainstore, ficou a cargo da Abril (que detinha os direitos da DC Comics à época) trazer parte das aventuras das duas gerações de exploradores espaciais ao país.

Malibu – Deep Space Nine (1993-1995)


A Malibu começou, em 1993, sua publicação de quadrinhos baseados na série “Deep Space Nine”, tendo inclusive se unido a DC Comics na época para organizar um crossover entre DS9 e TNG. A editora publicou ainda um one-shot focado nos romulanos e duas edições de uma série escrita pelos atores Mark Lenard (o Sarek da Série Clássica) e Aron Eisenberg (o ferengi Nog de DS9).

      

A editora californiana anunciou, em 1996, planos para uma adaptação de Voyager, mas foi comprada pela Marvel Comics no mesmo ano.

Marvel Comics – De Volta à Casa das Ideias (1996-1998)


Star Trek voltou para a Marvel sob o selo Marvel/Paramount Comics em 1996, mas não foi bem recebida por parte do público Trekker. O motivo? A publicação começou com um crossover entre a Tripulação da série clássica e os X-Men, seguido de um com a Nova Geração.

   

A editora, porém, conseguiu reconquistar os fãs com duas ótimas novas séries: Star Trek: Early Voyages, baseada no tempo em que o Capitão Christopher Pike comandava a Entreprise (como visto no Piloto Original da série) e Star Trek: Starfleet Academy, que mostrava um grupo de calouros da academia da Frota Estelar, incluindo alguns personagens de Deep Space Nine.

   

Porém, após um ano e meio de publicação a Marvel resolveu descontinuar seu acordo com a Paramount, devido aos altos custos para manter a publicação, cancelando abruptamente todos os seus títulos.

Wildstorm – Histórias Fechadas (1999-2002)


Eventualmente, a DC conseguiu novamente os direitos, dessa vez através de seu recém adquirido selo Wildstorm.

A WildStorm focou mais em histórias fechadas e encadernados ao invés de séries mensais. Suas publicações tiveram como foco: A Nova Geração, contando o período entre os filmes Insurreição e Nêmesis; Deep Space Nine, onde exploraram os eventos acontecidos após a sétima e última temporada; e Voyager, em histórias que se passavam ao mesmo tempo que a série. Também foram publicadas adaptações de New Frontier (série de livros de Peter David) e do game Elite Force.

      

Com as publicações da WildStorm, a série Entreprise se tornou a única até hoje a não ser adaptada para os quadrinhos.

Nota: Todas as edições digitais, em formato pdf, dos quadrinhos de Star Trek, comentados até esse ponto, estão disponíveis para compra em um compilado de DVD-ROMs que pode ser encontrado na Amazon (http://www.amazon.com/gp/product/B001B5KYR2).


Outros Formatos – Tirinhas, Fotonovelas e Mangás!



Além das grandes editoras citadas até agora, a série de Gene Roddenberry teve experiências em alguns outros formatos de quadrinhos ao longo de seus anos

No Reino Unido, uma série de tiras semanais baseadas em Star Trek foi publicada de 1969 até 1973, totalizando 258 capítulos, sob a publicação que viria a se tornar a TV Century 21. Algumas tirinhas também foram publicadas nos EUA pelo Los Angeles Times, diariamente de 1979 até 1983.

Com histórias e ilustrações de nomes como Thomas Warkentin, Sharman DiVono,Ron Harris, Larry Niven, Martin Pasko, Padraic Shigetani, Bob Meyers, Ernie Colón, Gerry Conway e Dick Kulpa.


Nos anos 1977 e 1978, muito antes de pay per view ou até mesmo home video serem algo relevante, a Mandala Productions e a Bantam Books publicaram fotonovelas baseadas nos episódios da série. As revistas eram, literalmente, imagens da série com balões desenhados em cima.


      

De 2006 a 2008 a Tokypop, editora estadunidense de Mangás, conseguiu os direitos da série e publicou três volumes de histórias no estilo chamado de “Amerimanga”. As histórias eram bastante bobas e, eu diria, bizarras! Em uma delas, David Gerrold, escritor original do clássico episódio “Problema aos Pingos”, junto com Don Hudson, conta uma história em que o Capitão Kirk precisa seduzir um urso de pelúcia espacial, por exemplo.

       


IDW Publishing – O Presente! (2007-Presente)


Atualmente quem senta na cadeira de comando das publicações é a IDW, que adquiriu os direitos em 2006. O primeiro título publicado pela editora foi Star Trek: The Next Generation – The Space Between, uma minissérie em seis edições escrita por David Tischman e com arte de Casey Maloney, que começou em 2007.

Logo após a IDW publicou séries focando nos Klingons e também uma antologia sobre diferentes raças alienígenas do universo de Star Trek. Em julho de 2007, eles publicaram algumas edições de Year Four, focando na tripulação clássica em sua viagem contínua de cinco anos sob o comando do Capítão James T. Kirk.

      

Em 2009, foi iniciado um quadrinho baseado em Deep Space Nine e, ainda no mesmo ano, um prelúdio do filme de J. J. Abrams. Vários outros títulos baseados em filmes foram lançados, como uma adaptação de A Ira de Khan e outras duas séries baseadas na sequência do longa de Abrams.

A editora também voltou no tempo, publicando uma série de fotonovelas, em um formato muito parecido com o citado anteriormente, porém com uma ambientação e colorização que evocavam a série clássica e a adição de novos ambientes e personagens (agradeça a São Photoshop!), produzidas por ninguém menos que John Byrne.

Em seu tempo na IDW, Star Trek passou por vários crossovers, incluindo a Legião dos Super Heróis, da DC Comics; Doctor Who e Planeta dos Macacos!


   

[Nota do Editor: Um guia de Star Trek está fadado a nunca estar completo. Após a produção desta coluna e antes de sua publicação, devido à Páscoa, a IDW e a DC anunciaram, na última WonderCon, mais um crossover da franquia, desta vez com os Lanternas Verdes. Mais sobre isso neste breaking news especial do Terra Zero.]

Os quadrinhos de Jornada Na Estrelas passaram por diversas mudanças aos longos dos anos e variaram muito em qualidade e sucesso. Espero que este pequeno guia tenha sido útil para que vocês possam procurar as fases mais interessantes, já que grande parte do material citado nessa coluna pode ser encontrado facilmente em formato digital ou em lojas especializadas!

Aqui no Brasil, como dissemos antes, Star Trek teve algumas de suas fases publicadas pela Ebal, Abril, Brainstore e também pela Devir.

Fonte


Essa matéria foi originalmente publicada no Site especializado em notícias sobre quadrinhos, Terra Zero e teve autorização para ser postada aqui. O artigo é de autoria de Matheus Teixeira, colunista frequente do Site. Clique nos links do site e do autor para conhecer novos artigos

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